O Espírito de Córdoba - Informe direto do Congresso do ANDES em Salvador


Creio que se tivemos uma vitória no meio de uma das piores crises de nossa Universidade. Esta vitória foi não apenas a recusa do que o Governo do Rio de Janeiro pretendia impor, trabalho em ensino, pesquisa e extensão sem pagamento de salários. Esta vitória foi sobretudo a compreensão do coletivos dos professores sobre a necessidade de defesa do que faz da UENF um modelo a ser seguido. Isto não deve ser esquecido! Conversando com professores de Universidades Estaduais, Federais e Municipais do Brasil todo, posso assegurar que defender a UENF é defender um modelo que assegure a dedicação exclusiva docente, a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, os investimentos em recursos para ciência e tecnologia.

Na Paraíba o governador vem descumprindo o que está assegurado na lei de autonomia, alterando as regras de repasse para a UEPB. No Rio Grande do Norte os professores estão em greve há 70 dias. Na UEMG em Minas Gerais, os salários estão parcelados. E quanto as Federais o MEC sob o pretexto de “melhorar a eficiência na gestão das obras” controlará 50% dos valores de investimento liberados para as Universidades em 2018. Este cenário de desmonte foi sentido profundamente durante o ano de 2017 em nossa Universidade e não será a aprovação (parcelada) da PEC 47 que resolverá os sérios problemas acumulados ao longo dos recentes anos na UENF. Esta sim é uma discussão séria a ser feita e precede tantas outras que têm servido para dividir as categorias, criando a falsa impressão de vitória após a aprovação da PEC e o pagamento de salários. Aqueles que insistem em desviar-se da luta estão esquecendo o principal : a defesa das garantias para funcionamento dos diversos campos em que a UENF está presente.

Por último eu diria mais: a beleza de participar de um Congresso com professores da Bahia, de Santa Catarina, do Ceará, do Piauí, do Mato Grosso, é ver a defesa de uma outra Universidade no Brasil. Uma Universidade que se recuse a ser atropelada em suas decisões democráticas, uma Universidade que não aceite a imposição de qualquer governo que seja contrário a sua comunidade, interessado em rebaixar as condições dos servidores. Aqui em Salvador, saudamos um século do Manifesto de Córdoba! No ano em que nossa Universidade completa 25 primaveras, esta saudação tem um gosto especial. Recupera a luta dos estudantes (que todos fomos) contra a tirania de um poder opressor. Recupera um espírito vivo,profundamente democrático contra o burocratismo que teme o debate e a mudança.

Queridos associados, em Campos nós acolhemos o mundo. Em solo latino americano. Por esta razão, compartilho com vocês o Manifesto. Temos dito nesta Associação, que a UENF resiste e com vida inteligente. Acreditamos nisto, não como uma retórica vazia, mas como prática cotidiana. 



Presidente ADUENF-SESDUENF
Pelo Comando de Greve

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