MATÉRIA FOLHA DIRIGIDA SOBRE A GREVE NA UENF

Uenf retoma greve por tempo indeterminado

No dia 6 de dezembro, os docentes e funcionários técnico-administrativos da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) retomaram a greve por tempo indeterminado. A paralisação atinge 3.500 estudantes de graduação e pós-graduação, que estão sem aula. Esta é a segunda paralisação por tempo indeterminado realizada somente este ano. A última durou 39 dias, de agosto a setembro, e só foi encerrada com a promessa do governo estadual de negociar com a categoria após as eleições, que ocorreram em outubro.

A decisão pela greve foi tomada pela direção da Associação de Docentes da Uenf, realizada no dia 24 de novembro. Entre todas as reivindicações, os professores exigem reajuste de 22% do salário-base do corpo docente, retroativo à data do que foi concedido à parte técnico-administrativa do quadro permanente, tornando isonômico este quadro, como está previsto no Plano de Cargos e Vencimentos.

FOLHA DIRIGIDA - Quais são os principais motivos para o retorno da greve?

Marcos Pedlowski - Creio que o principal motivo de termos um retorno à greve foi a indisposição do governo Cabral em oferecer respostas à grave crise salarial instalada na Uenf, e que hoje causa uma grande evasão de servidores técnicos e professores. E é preciso lembrar que suspendemos a greve iniciada em 18 de agosto e que durou 39 dias com base em um compromisso assinado pelo Secretário de Planejamento e Gestão, Sérgio Ruy, e pelo então Secretário de Ciência e Tecnologia, Luiz Edmundo Horta, de que haveria uma negociação séria logo após o período eleitoral. Foi a falta do cumprimento deste compromisso que lançou a Uenf numa crise ainda mais profunda, o que nos obriga a retomar o processo de greve. Na greve realizada este ano, a Uenf declarou uma trégua em função da promessa do governo de atender às demandas. Como está a situação?

Este é problema central. Só o que se tem visto é o uso de uma tática protelatória que apenas irrita a comunidade universitária da Uenf, e aumenta a descrença em relação ao efetivo compromisso do governo Cabral com a universidade. Temos tratado dos problemas com o Secretário Alexandre Cardoso, que reassumiu a Secretária de Ciência e Tecnologia após as eleições. De nossa parte, sempre haverá espaço para a negociação e o diálogo. Agora, é preciso que o governo do estado pare de usar táticas protelatórias e negocie logo uma saída para não apenas os problemas salariais dos professores, mas também atenda as demandas oriundas dos estudantes e dos servidores técnicos.

Quais são as principais reivindicações da categoria?

A nossa principal reivindicação é que o governo Cabral faça uma reposição total de perdas salariais que acumulamos apenas nos últimos 10 anos. A perda média dos professores da Uenf era de 82% em julho de 2009, mas agora em Novembro de 2010 já passa de 90%. Assim, nossa principal reivindicação é a recuperação do poder de compra dos nossos salários. Além disso, queremos a equiparação dos valores pagos pela Uerj para os auxílios creche e de alimentação. Mas é preciso dizer que a pauta de técnicos e estudantes também precisa ser considerada pelo governo. No caso dos estudantes é urgente que se tenha uma verdadeira política de assistência estudantil, pois a maioria deles passa por enormes dificuldades para se manter dentro da Uenf, visto que há um forte contingente que não é originário da cidade de Campos. Quais são as condições da Uenf atualmente?

Eu acredito que as coisas na Uenf não se diferem muito do que está acontecendo nas outras universidades estaduais. Creio que a melhor forma de explicar as nossas dificuldades passa através de uma análise cuidadosa da diminuição real do nosso orçamento, que nestes quatro anos de governo Cabral, se manteve na faixa nominal de R$100 milhões. Como houve uma inflação de aproximadamente 25% neste quadriênio, fica fácil ver que nosso orçamento sofreu um encolhimento considerável. Aliás, as únicas coisas para as quais não falta dinheiro é para a realização de obras e contratação de servidores terceirizados. Aliás, esta é uma marca do governo Cabral em todos os serviços públicos essenciais. O problema é que numa universidade, as atividades fins como ensino, pesquisa e extensão não são feitas apenas com prédios, mas por seres humanos que possuem necessidades óbvias não apenas no plano dos salários, mas em outros aspectos essenciais que estão cada vez limitados por causa da asfixia orçamentária.

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